Governo de SP fará testes rápidos de coronavírus para assintomáticos

A partir de 15 de maio, o governo de São Paulo vai iniciar a aplicação de testes rápidos para identificação de coronavírus mesmo para as pessoas assintomáticas, que não desenvolveram sintomas da doença. Esse exame rápido identifica os anticorpos do vírus no sangue.

A ideia é testar pessoas que tiveram contato com os pacientes com diagnóstico positivo para a covid-19 [doença provocada pelo novo coronavírus], mas que permaneceram assintomáticos por mais de 14 dias. O teste rápido identifica, em cerca de 15 minutos, a presença de anticorpos do vírus no sangue das pessoas. Para aqueles pacientes com os sintomas, mesmo leves, será indicado o exame de RT-PCR, que é aplicado na fase aguda da doença.

Dimas Covas

Segundo o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, membro do Centro de Contingência do Coronavírus de São Paulo, um projeto piloto já foi iniciado no estado, testando 35 mil policiais militares e seus familiares, em um total de 145 mil pessoas. “Temos que ter um sistema de contabilização desses casos que seja muito precisa. Temos que saber, com maior precisão possível, o número de contaminados, o número de suspeitos”, disse Covas.

“Esses números precisam refletir a realidade”, acrescentou. “Precisamos avaliar se as medidas que estamos tomando estão sendo eficientes para fazer a epidemia caber dentro do sistema de saúde. Quando estamos falando em ter maior ou menor grau de isolamento, no fundo no fundo estamos discutindo se a epidemia, daqui a algumas semanas, vai estar dentro [caber] do sistema de saúde ou não”, explicou.

O aumento da testagem na população paulista foi dividida em fases. Na primeira serão feitos cerca de 1 milhão de exames rápidos, sendo 500 mil deles comprados pelo Instituto Butantan e o restante, enviados pelo Ministério da Saúde aos municípios do interior do estado.

“No momento, estamos testando por RT-PCR, ou seja, estamos procurando o vírus nos pacientes graves, internados, óbitos e profissionais de saúde. As outras estratégias nós colocamos em fases. A que tem que ser implementada até o dia 15 de maio, é o que chamamos de uso dos testes para anticorpos, que identificam a cicatriz, a resposta do organismo à infecção. E basicamente, esses indivíduos são os assintomáticos, os que tiveram a infecção, não tiveram os sintomas e que não aparecem nas estatísticas”, disse Covas.

Processo

Nessa primeira fase, além dos policiais, serão também testadas, independentemente de terem tido contato com pessoas infectadas, os profissionais das áreas de saúde e de segurança pública, a população privada de liberdade, os doadores de sangue e pessoas que vivem em asilos e casas de repousos, além dos menores da Fundação Casa e pessoas que vivem em orfanatos. “A ampliação, que chamamos de fase 1, são os testes rápidos com 400 mil testes do Ministério da Saúde distribuídos para o interior e 500 mil testes que a Secretaria da Saúde adquiriu para a população de atenção especial”, falou Covas.

Na segunda fase, serão testados os familiares de pacientes internados. Segundo a Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo, o protocolo adotado para as pessoas que tiveram contato com pacientes infectados pelo novo coronavírus e estão sem sintomas há menos de 14 dias prevê a realização do exame do tipo RT-PCR, que identifica o material genético (RNA) do vírus e que atualmente é realizado no estado somente para os pacientes internados, em estado grave, ou para óbitos e profissionais da saúde.

“Os familiares dos casos positivos serão testados pelo [exame] RT-PCR com essa lógica: se eles apresentarem sintomas, farão o RT-PCR. Se forem assintomáticos, e o contato foi a menos de 14 dias, poderá ser feito o RT-PCR. Idealmente, essa pessoa fará o isolamento domiciliar, aguardar 14 dias e fazer o teste rápido”, explicou Covas.

Na terceira fase serão testados os assintomáticos, que serão identificados pela Vigilância Epidemiológica. “Com os sintomas, serão testados pelo RT-PCR. Com mais de 14 dias, pelo teste rápido”, falou Dimas Covas.

Rede de laboratórios

Criada no início de abril, a Plataforma de Laboratórios para Diagnóstico do Coronavírus conta com 42 laboratórios habilitados e capacidade para fazer até 5 mil exames por dia. A partir de maio a capacidade será de até 8 mil processamentos de amostras diárias. Segundo Dimas Covas, São Paulo terá capacidade de realizar cerca de 27 mil exames de PCR por milhão de habitantes, superior a países como Estados Unidos, França e Reino Unido, por exemplo.

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