Os níveis dos reservatórios que abastecem a Região Metropolitana de São Paulo estão mais baixos do que em 2013, ano que antecedeu a crise hídrica. Os sete sistemas operados pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) responsáveis por garantir água para a região têm, atualmente, 43,4% da capacidade total. Há oito anos, no mesmo período, eles alcançavam 57,3% do total. Eram, então, mais de 1 trilhão de litros de água. Hoje, são 844,6 bilhões de litros.
No período foi criado um sistema adicional, o São Lourenço, que conta atualmente com 51,2 bilhões de litros, 57,7% do potencial total de armazenamento.
Em 2 de setembro de 2013, Sistema Cantareira tinha armazenado 46,9% do volume útil, um total de 460,3 bilhões de litros de água. Atualmente, os reservatórios têm apenas 36,8% da capacidade, o equivalente a 361,3 bilhões de litros.
O Sistema do Alto Tietê também está em uma situação consideravelmente pior. Os reservatórios estão com 44,4% da capacidade – 428,6 bilhões de litros. Em 2013, eram 303 bilhões de litros armazenados, 58,3% do total.
A represa Guarapiranga está com pouco mais da metade (50,4%) da capacidade, 84,3 bilhões de litros. Há oito eram 143,4 bilhões de litros, 83,8% do total.
A Rio Grande está com 72,7% da capacidade, o equivalente a 81,5 bilhões de litros. Em 2013, o nível do reservatório era de 94%, com 105,4 bilhões de litros.
Situação preocupante
Para o professor da pós-graduação em Ciência Ambiental do Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo, Pedro Luiz Côrtes, o cenário é preocupante. “A situação atual preocupa muito porque o volume total de água que nós temos hoje armazenado em todos os sistemas é inferior em cerca em 20% do que nós tínhamos na mesma época de 2013”, enfatiza o especialista.
A situação se complica ainda mais, na avaliação de Côrtes, devido a previsão de poucas chuvas nos próximos meses. “O prognóstico climático é igualmente ruim, como era em 2013. Nós vamos ter um verão com chuvas abaixo da média. A recarga dos mananciais vai ser inferior a média histórica. Isso nos coloca em uma situação de fragilidade para 2022”, acrescentou.
É necessário, segundo o professor, que a Sabesp seja transparente com as expectativas e possibilidades para o próximo ano. “Seria muito importante que a Sabesp mostrasse os cenários com os quais ela está trabalhando, quais são as projeções que ela faz em relação os níveis dois reservatórios nos próximos meses”, destaca.
Caso se confirmem as previsões de uma possível falta de água, Côrtes aponta que podem ser tomadas medidas semelhantes às adotadas na crise hídrica de 2014, com oferta de descontos na tarifa para quem reduzir o consumo e penalidades para quem aumentar o uso de água.
Sabesp nega risco
A Sabesp negou, em nota, que haja risco de desabastecimento de água na Grande São Paulo. “Na estiagem, a queda no nível das represas é esperada e a projeção da Companhia aponta níveis satisfatórios para os próximos meses, até o final do ano, quando são esperadas as chuvas de verão. Não há risco de desabastecimento neste momento na Região Metropolitana de São Paulo”, diz o comunicado.
De acordo com a empresa, a situação de hoje é semelhante ao mesmo período do ano passado. “O sistema integrado opera nesta terça (31/8) com 43,4% de sua capacidade total, nível similar aos 44,1% do mesmo dia de 2018, quando não houve problemas de abastecimento”.
Apesar de descartar o risco no momento, a companhia pede que os consumidores façam o uso consciente da água. A Sabesp diz ainda que vem realizando melhorias na infraestrutura para aumentar a segurança hídrica da região metropolitana. “Medidas adicionais às que já são realizadas serão adotadas se necessário, levando em consideração as projeções da Sabesp e o trabalho de acompanhamento da situação”, acrescenta a nota.
Por Agência Brasil
Foto: Governo do Estado de São Paulo