Com o aumento dos casos registrados de sarampo no país, traz uma sequência de dúvidas sobre a doença e qual a melhor maneira de prevenção. Atualmente, três estados brasileiros estão com surto de sarampo: São Paulo, Pará e Rio de Janeiro.
Desta vez, o centro da epidemia é São Paulo. Foram registrados 484 casos de doença, sendo que 75% (363 casos) estão concentrados na capital paulista.
Também há surto da doença no Pará (53) e Rio de Janeiro (11). Outros estados que registram casos de sarampo são Minas Gerais (4), Amazonas (4), Santa Catarina (3) e Roraima (1), segundo último boletim da Secretaria de Vigilância em Saúde.
Em 2018, foi registrado mais de 10.000 casos de sarampo no país. Os estados com maior número de casos foram Amazonas e Roraima, cujos surtos estavam associados à importação do vírus que circulava na Venezuela. Circulação essa da doença que levou o país a perder, em fevereiro, o certificado de país livre da doença, conferido em 2016 pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS).
Por que o sarampo voltou?
A epidemia de sarampo é um fenômeno global. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) mostram que, em 2017, a doença foi responsável por 110 mil mortes.
Só nas Américas, entre 1 de janeiro e 18 de junho de 2019, foram 1.722 confirmações em 13 países: Argentina (5 casos), Bahamas (1 caso), Brasil (122 casos), Canadá (65 casos), Chile (4 casos), Colômbia (125 casos), Costa Rica (10 casos), Cuba (1 caso), Estados Unidos da América (1.044 casos), México (2 casos), Peru (2 casos), Uruguai (9 casos) e República Bolivariana da Venezuela (332 casos).
O Brasil, diz o Ministério da Saúde, vinha de um histórico de não registrar casos autóctones (adquiridos dentro do país) desde o ano 2000 – entre 2013 e 2015, ocorreram dois surtos, um no Ceará e outro em Pernambuco, a partir de casos importados.
Os vírus que atingiram São Paulo, este ano, vieram com pessoas que foram infectadas na Noruega, em Malta e em Israel.
O problema é que a cobertura vacinal da patologia no país está abaixo do patamar ideal, que é acima de 95%. Pelas informações do Ministério da Saúde, em 2018, este índice, relacionado à vacina tríplice viral em crianças de um ano de idade, foi de 90,80%. Em 2015, chegou a 96,7%.
E as razões para isso são várias, segundo os especialistas ouvidos pela reportagem: medo de ter reação à imunização; desconhecimento de que existe um calendário de vacinação específico para adultos e idosos; falsa sensação de segurança, já que muitas doenças estão controladas; notícias falsas e grupos antivacina.
O que é o sarampo?
O sarampo é uma doença infectocontagiosa grave, que pode ser transmitida pela fala, tosse e espirro. E pode ser contraída por pessoas de qualquer idade.
Quais são os sintomas?
Os sintomas de sarampo incluem a febre alta, acima de 38,5%, mal-estar, coriza, falta de apetite e exantema (erupções cutâneas vermelhas). As manchas vermelhas na pele aparecem inicialmente atrás da orelha e se espalham para o rosto e depois pelo corpo.
Pequenas manchas brancas dentro das bochechas também são comuns de se desenvolver no estágio inicial da doença.
Quais são as complicações?
Entre as complicações estão: otite média aguda, pneumonia bacteriana, laringite e laringotraqueite. Em casos mais raros, há manifestações neurológicas, doenças cardíacas, miocardite, pericardite e panencefalite esclerosante subaguda (complicação rara que acomete o sistema nervoso central após sete anos da doença)
Como é feito o tratamento?
Não existe tratamento específico para o sarampo. É importante manter uma boa hidratação e suporte nutricional nos casos sem complicação. Em casos mais graves, quando surgem diarreia, pneumonia e otite média, devem ser tratadas com uso de antibioticoterapia.
Como prevenir a doença?
A medida mais eficaz contra o sarampo é a vacina
Quem deve se vacinar contra o sarampo?
Todas as pessoas que nunca tomaram a vacina ou aqueles que não têm certeza se já tomaram. A imunização contra o sarampo acontece na infância. Ao completar 12 meses de idade, a criança deve tomar a primeira dose da tríplice viral (caxumba, sarampo e rubéola). A segunda tose de ser tomada aos 15 meses de vida.
Quem não precisa se vacinar?
Aqueles que estão com a vacinação em dia – e tem como comprovar – não precisam do reforço. O mesmo vale para quem já teve sarampo, pois já possui os anticorpos para evitar o contágio. A vacina não é recomendada para crianças menores de 6 meses e pessoas imunocomprometidas (indivíduos com HIV/Aids ou com câncer, por exemplo). A gestante que não tenha se vacinado deve esperar para ser imunizada após o parto.
Onde tomar a vacina?
A vacina contra o sarampo está disponível gratuitamente o ano todo nas unidades básicas de saúde.
Direto da redação
Fernanda Seloni