A Flaskô, única fábrica sob controle operário do Brasil há quase 20 anos deve fechar as portas em breve. O local especializado na fabricação de tambores plásticos foi tomado pelos próprios funcionários no dia 12 de junho de 2003, com uma dívida de R$120 milhões.
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A decisão foi tomada pelos operários para evitar a perda de seus empregos com a declaração de falência da administradora da fábrica, os grupos Cipla Interfibra e Holding Brasil (HB). Desde então, a Flaskô conseguiu entregar com sucesso toda a demanda solicitada, mantendo um faturamento médio de R$ 600 mil mensais.
Para tentar quitar a dívida já foram realizados centenas de leilões do maquinário da fábrica, bem como pedido de penhora de bens. Por isso, os administradores – e também operários do local – atuam com maquinário precário e ultrapassado, o que dificulta a escala de produção.
Já foram enviados pedidos de estatização da Flaskô ao Senado, porém a operação não teve prosseguimento judicial. Além da fábrica, o terreno conta com uma vila operária que abriga mais de 560 famílias.
Com auxílio da causa operária, foi possível levar às famílias infraestrutura básica e dignidade, incluindo acesso à água potável e energia elétrica.
AMBIENTE DEMOCRÁTICO
Na Flaskô não existe a hierarquia padrão do mercado de trabalho entre chefe e funcionário. Um conselho eleito pelos próprios representantes é eleito para tomar as decisões do coletivo. Em 2007 a empresa conseguiu escalar a produção e atingir o faturamento mensal de R$ 1 milhão, equilibrando as contas e tornando o negócio completamente viável novamente.
Entretanto, após uma intervenção pública que cortou o acesso da fábrica à energia elétrica durante 42 doais, o faturamento caiu pela metade. Enquanto o coletivo lutava pelos seus empregos e buscava recuperar a empresa a todo custo, os antigos proprietários travavam uma batalha para retornar ao negócio que haviam abandonado.
DIREITOS TRABALHISTAS
Outra pauta muito importante para o coletivo é a qualidade de vida dos trabalhadores da fábrica, que conseguiram reduzir a jornada de trabalho de 48 para 30 horas semanais sem que houvesse redução salarial. A maioria dos funcionários diz preferir a liberdade da administração operária, apesar dos diversos problemas judiciais enfrentados pela ocupação. Alguns deles, inclusive, tiveram a primeira oportunidade de trabalhar com carteira assinada na fábrica.
O FIM DE UMA ERA
Após quase 20 anos de resistência, a Flaskô finalmente se encontra em um caminho de pouca esperança. Com a crise econômica, foi necessário leiloar o restante dos maquinários da fábrica, que estão sendo carregados e serão transportados para um comprador de Ribeirão Preto nesta segunda-feira (23).
Os irmãos Emerson e Marcelo Amaral, encarregados pelo transporte dos equipamentos, rapidamente fizeram amizade com os trabalhadores locais, que se dizem gratos pelo tempo que trabalharam na empresa – grande parte atua na empresa há mais de uma década.
O principal objetivo do leilão é manter o pagamento dos operários em dia. Assim que as últimas máquinas forem vendidas, o galpão onde o equipamento está armazenado também deve ir a leilão.
A Vila Operária, entretanto, que corresponde a 3/4 do terreno pertencente à Flaskô não deve correr riscos após a venda, visto que os termos de posse das moradias foi repassado aos atuais moradores para que pudessem manter suas moradias e a integridade de suas famílias.
Direto da Redação
Henrique Amaral – TV HORTOLÂNDIA
Emissora Rede Brasil de Televisão
Imagem: TV Hortolândia